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Por que 2008: Um momento que não pode ser considerado casual

Mais um artigo da série "Quem é Satoshi Nakamoto", aprofundando a hipótese de serviços de inteligência através do contexto histórico e institucional.

O Bitcoin não poderia ter surgido "em qualquer momento".
O ano de 2008 foi uma janela perfeita, e isso não é uma metáfora.

Contexto que geralmente é negligenciado

  • Queda do Lehman Brothers
  • Impressão emergencial de dinheiro (QE)
  • Perda de confiança no sistema bancário
  • Pânico não apenas entre as massas, mas também entre as elites

É importante entender: os serviços de inteligência não trabalham apenas com guerra e terrorismo.
A estabilidade financeira é parte da segurança nacional.

Especialmente em 2008–2009:

  • os governos perceberam pela primeira vez que as finanças globais poderiam entrar em colapso de forma cascata;
  • ficou claro que a supervisão bancária tradicional não lidava com os novos fluxos de capital.

Nesse contexto, um experimento com um sistema financeiro alternativo e observável deixa de parecer absurdo.

 

Contratante privado como forma perfeita de camuflagem

Uma das versões mais subestimadas é: não “Bitcoin = NSA”, mas sim:

Bitcoin = projeto de criptógrafos privados trabalhando sob uma ordem governamental não divulgada

São coisas fundamentalmente diferentes.

Por que isso é plausível

  • os serviços de inteligência raramente escrevem código sozinhos;
  • eles financiam pesquisas, bolsas e "iniciativas independentes";
  • a distância legal é um elemento-chave da negação.

O TOR é novamente um exemplo relevante:

  • Formalmente — um projeto acadêmico;
  • Na prática — uma infraestrutura financiada.

O Bitcoin se encaixa perfeitamente nesse modelo:

  • nenhum rastro direto do governo;
  • estilo acadêmico;
  • embalagem ideológica.

 

Whitepaper como documento politicamente neutro — neutro demais

O whitepaper do Bitcoin é surpreendente não apenas pelo que contém, mas também pelo que não contém.

Ele não contém:

  • retórica radical;
  • slogans anti-governo;
  • chamados à resistência;
  • até mesmo a palavra “liberty” é praticamente inexistente.

O tom do documento:

  • seco;
  • de engenharia;
  • apolítico.

Para os cypherpunks daquela época, isso era inusitado.
Quase todos os seus textos eram carregados ideologicamente.

O whitepaper do Bitcoin lê-se como:

  • uma proposta técnica,
  • destinada a discussão por especialistas,
  • sem tentativa de mobilizar um movimento.

É o estilo de um instituto de pesquisa, não do submundo.

 

Satoshi e a estranha ausência de “engenharia social”

Qualquer projeto revolucionário normalmente precisa de:

  • carisma,
  • liderança,
  • culto à personalidade.

Satoshi fez o contrário:

  • não se promoveu;
  • não criou um mito enquanto vivo;
  • não tentou controlar a comunidade.

Se o objetivo fosse revolução, isso seria um erro.
Se o objetivo era a sustentabilidade de um sistema sem centro, é um passo inteligente.

Para um projeto institucional:

  • a identidade do autor é uma ameaça;
  • desaparecer é proteção.

 

Estados não querem controle, querem previsibilidade

Um dos argumentos mais fracos contra a versão de serviços de inteligência é:

“Mas o Bitcoin não é controlado”

Esta é uma falsa dicotomia.

Historicamente, para os Estados, é mais importante:

  • previsibilidade do que controle;
  • observabilidade do que proibição.

Bitcoin:

  • não pode ser parado → significa que pode ser estudado;
  • não pode ser falsificado → significa que pode ser usado como fonte de verdade;
  • não pode ser reescrito → significa que é útil para fins jurídicos e analíticos.

Sob esse ponto de vista, Bitcoin não é uma ameaça, mas uma nova camada de realidade à qual se pode adaptar.

 

Por que a versão de serviços de inteligência é tão veementemente negada

Um aspecto social interessante:
Esta versão é frequentemente rejeitada não pelos Estados, mas pelos entusiastas de criptomoedas.

Por quê?

Porque ela:

  • elimina o romantismo;
  • destrói o mito da “revolta pura”;
  • força a reconhecer que a liberdade pode ser um efeito colateral do plano de outro.

Mas a história da tecnologia é implacável:

  • a Internet foi criada pelos militares;
  • GPS — pelos militares;
  • TOR — pelos militares;
  • criptografia — pelos militares.

O Bitcoin não foge a essa linha.
Ele apenas se revelou filosoficamente mais desconfortável.

 

Detalhe sutil: a ausência de intervenção também é um sinal

Em mais de 15 anos:

  • Bitcoin não foi banido globalmente;
  • não foi atacado no nível do protocolo;
  • não foi desacreditado por “revelação do autor”.

Para uma tecnologia verdadeiramente perigosa, isso seria estranho.

Estados:

  • proíbem o que não entendem;
  • usam o que entendem.

Bitcoin claramente pertence à segunda categoria.

 

Passando para o próximo nível

Neste ponto, a versão “Bitcoin como projeto de serviços de inteligência” já não parece uma teoria da conspiração, mas sim uma das interpretações possíveis, com:

  • análogos históricos;
  • lógica institucional;
  • compatibilidade técnica com a realidade.

Mas a questão principal permanece:

Se foi um experimento — qual era o verdadeiro objetivo?
Dinheiro? Observação? Preparação para moedas digitais de bancos centrais?
Ou um teste da reação da sociedade?

 

Início do artigo aqui 👉 Quem criou o Bitcoin?

Continuação no próximo artigo

Astra EXMON

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